domingo, abril 28, 2013

Proust e o amor; eu e a solidão

Marcel Proust escreveu que o amor é uma doença incurável. Concordo, em partes. Durante a vida somos acometidos por ele, que só muda de vetor:As pessoas por quem nos apaixonamos são esses vetores,que fazem a doença ( que tem intensidades variadas, como a influenza) despertar em nós.
Mas acredito que contra o amor vamos ficando também imunizados, como acontece com algumas doenças virais. Quanto mais forte é uma crise, mais a gente poderá estar protegido na próxima. Para sobreviver àquelas dores todas, vamos criando resistência e fabricando algumas grades e cercas eletrificadas em torno de nós.



Mas solidão não tem jeito. Solidão é doença mais grave que o amor, sem cura, sem a esperança auto-imune. Ela começa ainda na infância,quando tardes de inverno nos surpreendem brincando sozinhos no quintal de casa, entre cães doentes e gatos desnutridos.   Quando há as ausências do pai( que foi embora) e da mãe que , de cansaço, desistiu.

E depois, vai se alastrando, percorrendo as veias, misturando-se ao sangue e toma conta da pele inteira. E o coração, despetalado, se contorce todo em ferida sempre viva e aberta.
Depois tudo escurece: o sangue, as veias, a pele... E, como consequência, os olhos ficam cheios de sombra e úmidos, sempre, sempre...
Sim, há defesas para o amor, mas não para a solidão. Ela sim, é doença incurável.

Um comentário:

Samuel Medina (Nerito Samedi) disse...

Fico entre você e o Proust. Acho que tanto o amor quanto a solidão são incuráveis...