segunda-feira, setembro 10, 2012

Blue em rádio abandonado

Segunda-feira é dia de ir à casa da mãe para fragmentar um de seus comprimidos. Para isso, levo comigo uma pequena ferramenta de plástico, cuja lâmina interior faz o serviço da separação. E é estranho: toda vez que coloco o remédio lá dentro e pressiono a lâmina contra ele, tenho a sensação de estar partindo em dois também o meu coração. E quando saio da casa da mãe e a vejo , ao longe, me olhando 
pelo portão entreaberto, me perguntando com os olhos por que motivo estou indo embora tão cedo, é como se a metade do meu coração estivesse ficando lá, com ela.
Ao chegar em casa, fico me indagando se o blue melancólico que insiste em tocar na parte que veio comigo também está tocando lá, na parte que ficou, como num radinho abandonado.

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