quarta-feira, dezembro 12, 2012

Mais um poema de Anne-Marie de Backer

Anjo 

Contra os roseirais reverdecidos
por tempestades exasperados,
meu Anjo da Guarda me abandonou
nos confins do Paraíso. 

Quando enfim eu chegaria
ao País dos corações sem problemas,
onde é possível esquecer de si mesmo
do amor e da fome.

Nos confins do Paraíso
meu Anjo da Guarda me deixou.
Sua cabeleira balançava
no vento gelado e resplandecente.

E suas asas de veludo azul
E suas vestes de neve adocicada.
Quem me hipnotizará sobre o musgo
ou cantará para que eu durma perto do fogo?

Esta capela de verdes vitrais
onde os Santos estão sempre tranquilos
Não há nada que possa me salvar ou me exilar
de um sonho pelo inferno avermelhado.

Da flor vermelha das papoulas
escondi conhecidas noites
Muitas coisas acontecem
para serem esquecidas sem nenhum gemido.

Meu anjo luminoso partiu
Através da maravilha do Reinos,
Eu acolherei todos os fantasmas;
para viver em paz, já menti tanto!

Sem as asas de veludo azul
E as vestes de neve adocicada.
Que o Demônio venha, se ele quiser...
Eis -me sozinha, à beira das chamas,
E nenhum astro me protege.







Tradução: Simone Teodoro
In: Le vent des rues. Editions Pierre Seghers. Paris.

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