domingo, abril 28, 2013

Sobre tardes de domingo e portas fechadas


Houve um tempo em que os domingos me deprimiam. Isso foi quando eu era mais jovem e vida para mim era equivalente a agitação. Domingo era morto demais, dia estacionado no tempo, sem gente, sem som, sem sentido.
Atualmente costumo passar os domingos dentro de casa descansando, porque trabalho muito durante a semana. Domingo virou meu refúgio, minha fuga do mundo. Quando muito, vou até a esquina pegar o almoço. Tarde de domingo passo dentro de livros, dentro de filmes, ou dentro de sonhos, entre um cochilo e outro.

Mas hoje saí. De tarde. O céu estava muito bonito, azul sem nuvens e havia aquela luz de outono que sempre me provocou saudades de coisas que não existem, saudades de uma beleza sem nome. Não havia trânsito, nem de pessoas, nem de veículos, como geralmente acontece nos domingos. E de dentro do meu carro eu percebia a ausência do som e de agitação, e sentia uma paz estranha que, não sei porque, me transmitiam todas aquelas portas fechadas.
As portas fechadas e a calma esquisita que se misturava à atmosfera azul e fria sob a luz outonal.
Antes, quando eu era mais jovem e era domingo e tudo estava parado, a falta de sentido impiedosamente me esbofeteava o rosto. 
Hoje, a tarde de domingo com suas portas fechadas, por segundos, fez com que eu me sentisse plena.

Um comentário:

Samuel Medina (Nerito Samedi) disse...

De vez em quando, penso que o domingo nos salva. E não por ser o "dia do senhor"...