quinta-feira, fevereiro 06, 2014

Mulheres em trânsito

Tudo engarrafado, aí a alça do sutiã escorregou. Fui arrumar e devo ter demorado dois segundos a mais para arrancar e levei um buzinaço na orelha que quase me deixou surda. Fiz sinal para o moço mal educado voar por cima do meu carro. Ele ficou bravo, jogou farol alto, me ofuscou. E colou. Ele ia colando e eu ia reduzindo. Tava com pressa não. Nem tinha como. O moço, todo plaboy, ficou nervoso com minhas reduzidas e, com fúria, foi pra pista da esquerda pra ficar do meu lado, pra me xingar. Abriu o vidro e deu um berro, que nem ouvi direito, mas fui logo dizendo:
_Ô do pinto pequeno!

Porque, na minha opinião, uma pessoa pra agir assim, de forma tão arrogante com as outras, só pode ter algum problema de autoaceitação.

Aí ele ficou uma fera.
Me mandou ir pra puta que pariu e me chamou de sapatão. E fechou o vidro rapidamente,porque só então percebeu que eu não estava sozinha: Samuel Medinaestava comigo, eu não era uma mulher sozinha dirigindo.

Pra puta que pariu eu nunca fui quando me mandaram pra lá, porque minha mãe é uma linda e mesmo se tiver sido puta, isso não é da conta de ninguém.
Mas ,pelo menos, fui reconhecida.
Se pudesse, eu andava com rótulo: sapatão enfurecida: favor tratar com delicadeza.

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